segunda-feira, 16 de janeiro de 2017


A Era de ouro da dança egípcia: Cassinos e Cinema



No final do século XIX e princípio do XX, temos no Egito uma grande revolução social, acompanhando a revolução industrial que movimentava todo o mundo ocidental. Neste período, o Egito foi social e economicamente dirigido pela Inglaterra, que levou para o Cairo muitos estrangeiros, investidores, arqueólogos e pesquisadores, além de inovações tecnológicas como a fotografia e o cinema.
Neste período, a cena cultural do Cairo muito se desenvolveu a exemplo de como era a própria cena cultural do Rio de Janeiro: Muitos cassinos e casas de espetáculos atraíam não só os estrangeiros, como os próprios egípcios negociantes e residentes na capital.
Neste contexto, surge a primeira das grandes estrelas do cinema egípcio: Badia Massabni, libanesa, cedo deixa o cinema para abrir o famoso Cassino Badia e também o Cassino Ópera do Cairo.
Este foi a mais importante casa dedicada a

espetáculos no Cairo. Por ela passaram grandes estrelas do cinema como, Naima Akef, Tahya Karioca, Samya Gamal, e grandes músicos como Farid Al Atrche, Mohamed Abdel Wahad e Abdul Halim Hafez.
O Cassino foi palco também de diversas companhias ocidentais de dança, que influenciaram também o modo de dançar das egípcias.
O cinema egípcio teve grande importância na divulgação da dança do ventre pelo mundo árabe e foi grandemente divulgada para o ocidente por Hollywood.
Muitas cenas de cinema retratavam o ambiente cultural do Cairo, com suas casas de show e festividades em praça pública. Muitas ainda mostravam cenas de dança em casamentos e também a dança em cenas de casais.
Tecnicamente, vale dizer que a dança sofreu grande transformação neste período. Deixando as casas e as ruas e se elevando ao palco, esta dança precisou também refinar – se e adquirir postura cênica. Novos movimentos foram incluídos na movimentação cênica, inspirados nos movimentos de ballet: o arabesque, a movimentação de braços e giros, que antes não eram executados, tendo no balady popular, a movimentação muito concentrada no quadril.
Desde então, a dança segue seu caminho de evolução, rumo ao refinamento técnico e grandiosidade de espetáculo que podemos apreciar hoje em dia.
Vale a pena estudar e entender a trajetória desta arte no Egito e no mundo ocidental. 

Mahmoud Reda  /  Farida Fahmy

 












Mahmoud Reda é um grande marco da história da dança cênica egípcia. Este grande coreógrafo foi ator e dançarino com grandes participações no cinema e na TV com sua "Reda Trupe" e a primeira bailarina Farida Mahmy.
Não há como falar da história da dança egípcia sem mencionar seu trabalho. Reda "reinventou" a dança popular egípcia, tendo feito pesquisa de movimento e contexto social em diversas áreas do Egito, trazendo ao teatro, cinema e TV muitas coreografias inspiradas na movimentação genuína das tradições populares egípcias, revelando ao próprio egípcio, e ao mundo, sua cultura e sua terra.
Vale dizer que Reda nunca abriu mão de seu próprio estilo, mesmo nas composições folclóricas. Suas coreografias estão recheadas de arabesques, giros, saltos e movimentações refinadas de braços e pernas, que mistura à movimentação típica de cada dança representada.
Foram inventados por ele alguns estilos de dança largamente executados como dança egípcia mundo afora: Melea Laff - representação da antiga mulher alexandrina ou do subúrbio do Cairo, que usava este item tradicional de vestimenta. Não existe uma dança do melea, mas sim a dança cênica que representa este personagem - A mulher egípcia que usa melea.
Mwuashahat - Reda trabalhou sobre um estilo de música muito antigo, mas muito vivo na tradição musical erudita do Egito. Criou muitas peças destinadas à TV e ao teatro. Com vasto vocabulário vindo do balé clássico, este estilo de dança influenciou o que vamos chamar de "Dança Oriental Clássica", reafirmando o papel do balé em uma dança egípcia refinada e de conceito artístico elevado. Pouco trabalho de quadril, muita dinâmica entre os bailarinos e coreografias elaboradas.

Estrelas inesquecíveis



A partir da década de 70, a Dança Egípcia ganha estrelas cada vez mais importantes. Todas grandes dançarinas e estrelas do cinema.



Foi um marco como bailarina e produtora, pois inseriu a Dança nos hotéis 5 estrelas e inovou em termos de figurino, cenário e orquestram transformando o show de dança em espetáculo grandioso.
 


é a dona dos quadris mais poderosos da história da dança do ventre!!! Musa inspiradora, a verdadeira Ma'alimah encarnada, a rainha do baladi! Baladi = Fifi. Esta, decididamente não dançava dança oriental clássica. Estilo de dança altamente popular, até mesmo quando decide dançar um rotina oriental, seu estilo baladi é marcante.
 




Nascida na Alexandria, Egito, Iniciou sua carreira na dança quando era muito jovem, começando  seus trabalhos com grupos folclóricos egípcios se tornando membro famoso do grupo Reda no Cairo, por volta de 1981, tornando se artista amada e que faz sucesso  nos dias atuais.
 





, foi a mais doce das grandes estrelas das décadas de 70 e 80. Foi ela quem inseriu a interpretação dos grandes clássicos de Om Kalsoum  (Tarab) nos espetáculos de dança. Idolatrada até hoje, Suheir Zaki teve uma técnica muito tanto própria e marcante como suave e encantadora.
 




Conhecida pelos Libaneses como bronze do Nilo esta dançarina é dona de um estilo peculiar de dança, transformando cada apresentação em um oásis de interpretação em cena com movimentos perfeitamente delineados por sua  energia e vigor.
 


É lembrada pela ousadia e constante  sede de inovação que se refletiam em seus  trajes com modelos contrários dos que eram da época, além disso , ela foi a primeira a dançar de sapato de salto alto. Além de se dedicar a dança Oriental ela também frequentou outras escola de dança onde aprendeu Samba, Tango , balé e outros. Tanta dedicação aos estudos que foi bem sucedida por cerca de 50 filmes durante sua vida. 
 



Foi a primeira dançarina a  aparecer em numerosos filmes egípcios , oportunizando assim a entrada para outros dançarinos na almejada esfera cinematográfica. Além de ter  se estabelecido na sua época com uma atriz de cinema e estrela, altamente respeitada e aclamada pelo público. Ainda nos dias atuais é reconhecida pelo seu trabalho.
 





É com certeza o marco maior da dança do ventre egípcia atual - sinônimo de popularidade, riqueza e inovação. Seu estilo de dança é tão marcante quanto os figurinos que escolhe para usar. Ela mesma pensa os figurinos, assim como coreografa suas músicas com rigor. Tudo nela é marketing e personalidade. Imitada pelas bailarinas do mundo inteiro, sua técnica é única e sua expressão muito apurada.
 





Da década de 80 surgiu uma das maiores estrelas da dança egípcia ainda atuantes hoje em dia: A lenda viva Lucy - Herdeira da Era de Ouro e dona de seu próprio Cabaré no cairo - em seus vídeos podemos avaliar claramente a mudança que a dança egípcia toma com a globalização, internet e maior presença das bailarinas estrangeiras no Cairo.
 






Grande referência da atualidade, no Egito, Randa Kamel com o crescente radicalismo do Islã dentro do Egito, cada vez menos egípcias dançam, abrindo mercado para as estrangeiras que buscam na terra da dança do ventre, seu caminho profissional. Algumas se tornam famosas e reconhecidas pelo próprio povo egípcio, como a caso de Soraia - Brasileira e Asmahan - Argentina. Muitas outras já trilharam este mesmo caminho como Sahra Saeda - inglesa e Nur - russa.
 

 Samia Gamal    


“Se há alguma coisa que podemos aprender com Samia Gamal, é a “arte do flirt” durante a dança”, afirma Lulu Sabongi. Se você passar algumas horas pesquisando vídeos da bailarina egípcia com certeza reconhecerá esta característica. Zainab Ibrahim Mahfuz nasceu no vilarejo de Wana, em 1924. Assim como outras bailarinas, mudou-se para o Cairo e, anos mais tarde, foi convidada para participar da casa de Badia Masabni. Lá, teve aulas com Jacque, uma professora muito importante e famosa.
Recebeu formação em jazz, ballet, dança contemporânea, moderna e, claro, na dança do ventre. Nesta época, conheceuTahia Carioca, já conhecida no Egito, e daí surgiu uma amizade que duraria a vida toda. Da companheira profissional incorporou giros e deslocamentos do balé, além da influência da dança e música latina. Foi Badia quem a batizou de Samia Gamal.

Mitos e verdades
Samia Gamal é charmosa. O motivo? Está ali em cima, na primeira frase. A bailarina egípcia é famosa pelo olhar sensual, expressivo e penetrante. Não é à toa que no filme “Zannoubia”, o personagem fica completamente hipnotizado por sua dança. Os efeitos especiais da cena só enfatizam a característica. Não faz movimentos exagerados e grandes, faz arabesques e giros. Diferente de outras bailarinas egípcias, utiliza muito os braços.
Hossam Hamzy conta, em um artigo muito interessante sobre a bailarina (em inglês), que ela introduziu o hábito de dançar descalça, antes dela era normal utilizar saltos em espetáculos. Na verdade, tudo começou quando um dos seus sapatos saiu do pé, ou quebrou o salto durante uma apresentação. Ela logo se desvencilhou do outro e continuou com graça, sendo muito aplaudida pela plateia. Dizem que o último rei egípcio, Farouk, afirmou que Samia era a “Bailarina Nacional do Egito”, mas o músico Hossam afirma que a história não passa de um mito e que o rei nunca proclamou publicamente um gosto especial por uma das bailarinas. Afirma-se que Samia utilizava muito o véu em sua dança. Aparentemente, é resultado do treinamento que recebeu da professora Jacque, que usava o acessório para forçar a aluna a melhorar o trabalho com os braços..

Carreira no cinema
Assim como Tahia Carioca, também estrelou diversos filmes (cerca de 80, até o final de sua carreira). O primeiro foi “Gawhara” (1942), quando ela ainda tinha apenas 18 anos. O mais conhecido internacionalmente foi “Ali Baba e os quarenta ladrões” (1954), do diretor francês Jacques Becker. No cinema conheceu o ator e cantor Farid Al Attach, com o qual teve um romance..
Na década de 50, mudou-se para os EUA e foi uma das bailarinas pioneiras na América do Norte. Sua dança influenciou filmes e apresentações musicais nas terras norte-americanas. Quando estava com aproximadamente 50 anos afastou- se da dança, mas a aposentadoria não durou muito. Logo voltou a se apresentar e só parou definitivamente aproximadamente dez anos depois. Ela faleceu em 1994, aos 70 anos.
Algumas músicas usadas pela bailarina em apresentações e filmes foram: Zeina, Zenuba, Raqsat Kahramana (AfritaHanem), Al-Rabia, Habibi Lazmar e Ana Alli Wa Utilu. A música Zeina, do vídeo acima, foi composta por Mohamed Abdel Wahab, e tem como base dois ritmos: o Ayub e o Masmoudi



Bibliografia:


 http://bellymaniacas.com/
https://cadernosdedanca.wordpress.com/


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